Os homens são feitos de carne
E o mundo é feito de pedra.
Impossível conciliar essas incompatibilidades.
E as selvas?
As selvas vasculham a memória de um tempo vivido,
Pois as florestas encontram-se ameaçadas
Pelo concreto que cresce e encobre o céu.
Os homens caminham em praias desertas,
Fugindo da fumaça das cidades.
Mas é inútil: as praias estão repletas de peixes mortos.
Os homens de carne já se acostumaram ao concreto.
Não podem mais viver na selva.
Preferem o grande alvoroço das cidades e suspensos,
Adormecem em suas gaiolas solitárias.
Não gemem, choram, completamente, inconsoláveis.
Não dormem: vislumbram fantasmas soturnos
Tecem pesadelos eternos nas pequenas salas
As carnes enrijecem no monótono exercício da vida.
-Fluxo, espécie de rio, que os atravessa despercebidos.
Ouvem-se preces: mais adiante, colocam uma lápide sobre um homem.
Carne e concreto se eternizam contrariados,
Fragmentados, num silêncio imenso.